terça-feira, 26 de julho de 2011

Preconceito



Era uma tarde de domingo e o parque estava repleto de pessoas que aproveitavam o dia ensolarado para passear e levar seus filhos para brincar. 
 
O vendedor de balões havia chegado cedo, aproveitando a clientela infantil para oferecer seu produto e defender o pão de cada dia. 
 
Como bom comerciante, chamava atenção da garotada soltando balões para que se elevassem no ar, anunciando que o produto estava à venda. 
 
Não muito longe do carrinho, um garoto negro observava com atenção. Acompanhou um balão vermelho soltar-se das mãos do vendedor e elevar-se lentamente pelos ares. 
 
Alguns minutos depois, um azul, logo mais um amarelo, e finalmente um balão de cor branca. 
 
Intrigado, o menino notou que havia um balão de cor preta que o vendedor não soltava. Aproximou-se meio sem jeito e perguntou: "moço, se o senhor soltasse o balão preto, ele subiria tanto quanto os outros?" 
 
O vendedor sorriu, como quem compreendia a preocupação do garoto, arrebentou a linha que prendia o balão preto e, enquanto ele se elevava no ar, disse-lhe: 
 
"Não é a cor, filho, é o que está dentro dele que o faz subir." 
 
O menino deu um sorriso de satisfação, agradeceu ao vendedor e saiu saltitando, para confundir-se com a garotada que coloria o parque naquela tarde ensolarada. 
 
O preconceito é uma praga que se alastra nas sociedades e vai deixando um rastro de prejuízos, tanto físicos como morais. 
 
O preconceito de raça tem feito suas vítimas, ao longo da história da humanidade. 
 
Mas não é somente o preconceito racial que tem sido causa de infelicidade. Esse malfeitor também aparece disfarçado sob outras formas para ferir e infelicitar. 
 
Por vezes, surge como defensor da religião, espalhando a discórdia e a maldade, o sectarismo e os ódios sem precedentes. 
 
Outras vezes apresenta-se em nome da preservação da raça, gerando abismos intransponíveis entre os filhos de Deus. 
 
Também costuma travestir-se de muro entre as classes sociais, fortalecendo o egoísmo, o orgulho, a inveja e o despeito. 
 
Podemos percebê-lo, ainda, agindo como barreira entre a inteligência e a ignorância, disfarçado de sabedoria, impedindo que o mais esclarecido estenda a mão ao menos instruído. 
 
O preconceito também costuma aparecer travestido de patriotismo, criando a falsa expectativa de supremacia nas mentes contaminadas pela soberba. 
 
Ele também pode ser percebido com aparência de idealismo político, explorando mentes juvenis inexperientes e sonhadoras, que são usadas como massa de manobra. 
 
Como se pode perceber, o preconceito é um inimigo público que deveria ser combatido como se combate uma epidemia. 
 
Essa chaga social tem emperrado as rodas do progresso e da paz. 
 
Por essa razão, vale empreender esforços para detectar sua ação, sob disfarces variados, e impedir sua investida infeliz. 
 
Começando por nós mesmos, vamos fazer uma auto-análise para verificar se o preconceito não está instalado em nosso modo de ver, de sentir, comandando nossas atitudes diárias. 
 
Depois, extirpar de vez por todas esse mal que teima em nos impedir de viver a solidariedade e a fraternidade sem limites, como propôs o Mestre de Nazaré. 
 
Pense nisso! 
 
A fraternidade é a chave que rompe as amarras que nos retém nas baixadas, quais balões cativos, e nos permite ganhar as alturas, elevando-nos acima das misérias humanas. 
 
Para isso, lembremo-nos do vendedor de balões e ouçamos a sábia advertência da nossa própria consciência: 
 
"Não é a cor, nem a raça, nem a posição social, nem a religião, nem as aparências externas, filho, é o que está dentro de você que o faz subir." 
 
Pense nisso!
 

4 comentários:

  1. Que lindo Juli!
    Adorei a colocação do vendedor de balões!
    É incrível como essas historinhas nos fazem refletir tanto!

    Bjs

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  2. Linda mensagem!!!
    Quanta sabedoria do vendedor de balões.
    Precisamos fazer a nossa parte mostrando
    que, somos feito da mesma essência e filhos
    do mesmo Pai(DEUS)
    Abraços! Uma noite abençoada pra ti.

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  3. Juli,
    o preconceito é mesmo uma praga. Bela colocação do vendedor quando nos diz que o que somos por dentro é que nos eleva para Deus!!!

    Uma ótima semana e um beijo em teu coração!!!

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  4. Olá Julimar, que ótima matéria. Preconceito é testemunho de ignorância. Tempo chegará que perceberemos que não existe diferença entre os seres pensantes e suas raças, credos e opções.
    Somos todos iguais, cada um experienciando novos valores em cada reencarnação.
    Tenha uma ótima semana.
    Beijos,
    Carlos espírita

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"... que vosso amor cresça cada
vez mais no pleno conhecimento e
em todo o discernimento." - Paulo
(Filipenses. 1:9.)

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