quinta-feira, 27 de maio de 2010

O Mandarim e o Alfaiate


Um dia um homem recebeu a notícia de que acabara de ser nomeado mandarim.
Ficou tão eufórico que quase não se conteve:
- Serei um grande homem agora - disse a um amigo
- Preciso de roupas novas imediatamente, roupas que façam juz à minha nova posição na vida.
Conheço o alfaiate perfeito para você - replicou o amigo
- É um velho sábio que sabe dar a cada cliente o corte perfeito.
Vou lhe dar o endereço.
E o novo mandarim foi ao alfaiate, que cuidadosamente tirou suas medidas.
Depois de guardar a fita métrica, o homem disse:
Há mais uma informação que preciso Ter.
Há quanto tempo o senhor é mandarim???
- Ora, o que isso tem a ver com a medida do meu manto?? - perguntou o cliente surpreso.
- Não posso fazê-lo sem obter esta informação senhor.
É que um mandarim recém-nomeado fica tão deslumbrado com o cargo que mantém a cabeça altiva, ergue o nariz e estufa o peito.
Assim sendo, tenho que fazer a parte da frente maior que a de trás.
Ano mais tarde, quando está ocupado com o seu trabalho e os transtornos advindos da experiência o tornam sensato, e olha adiante para ver o que vem em sua direção e o que precise ser feito a seguir, aí então eu costuro o manto de modo que a parte da frente e a de trás tenham o mesmo comprimento.
E mais tarde, depois que o senhor está curvado pela idade e pelos anos de trabalho cansativo, sem mencionar a humildade adquirida através de uma vida de esforços, então faço o manto de modo que as costas fiquem mais longas que a frente.

Portanto, tenho que saber se há quanto tempo o senhor está no cargo para que a roupa lhe assente apropriadamente.
O novo mandarim saiu da loja pensando menos no manto e mais no motivo que levara seu amigo a mandá-lo procurar exatamente aquele alfaiate

terça-feira, 18 de maio de 2010

Difícil é Ser Transparente



Às vezes, fico me perguntando porque é tão difícil ser transparente...

Costumamos acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero, não enganar os outros. Mas ser transparente é muito mais do que isso.

É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar do que a gente sente...

Ser transparente é desnudar a alma, é deixar cair as máscaras, baixar as armas, destruir os imensos e grossos muros que insistimos tanto em nos empenhar para levantar...


Ser transparente é permitir que toda a nossa doçura aflore, desabroche, transborde!

Mas infelizmente, quase sempre, a maioria de nós decide não correr esse risco.

Preferimos a dureza da razão à leveza que exporia toda a fragilidade humana.

Preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam do mais profundo de nosso ser...

Preferimos nos perder numa busca insana por respostas imediatas a simplesmente nos entregar e admitir que não sabemos, que temos medo!


Por mais doloroso que seja ter de construir uma máscara que nos distancia cada vez mais de quem realmente somos, preferimos assim: manter uma imagem que nos dê a sensação de proteção...

E assim, vamos nos afogando mais e mais em falsas palavras, em falsas atitudes, em falsos sentimentos...

Não porque sejamos pessoas mentirosas, mas apenas porque nos perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso e não-contaminado...


Com o passar dos anos, um vazio frio e escuro nos faz perceber que já não sabemos dar e nem pedir o que de mais precioso temos a compartilhar...doçura, compaixão... a compreensão de que todos nós sofremos, nos sentimos sós, imensamente tristes e choramos baixinho antes de dormir, num silêncio que nos remete a uma saudade desesperada de nós mesmos...daquilo que pulsa e grita dentro de nós, mas que não temos coragem de mostrar àqueles que mais amamos!


Porque, infelizmente, aprendemos que é melhor revidar, descontar, agredir, acusar, criticar e julgar do que simplesmente dizer: você está me machucando... pode parar, por favor!.

Porque aprendemos que dizer isso é ser fraco, é ser bobo, é ser menos do que o outro.

Quando, na verdade, se agíssemos com o coração, poderíamos evitar tanta dor, tanta dor...

Sugiro que deixemos explodir toda a nossa doçura!


Que consigamos não prender o choro, não conter a gargalhada, não esconder tanto o nosso medo, não desejar parecer tão invencíveis...

Que consigamos não tentar controlar tanto, responder tanto, competir tanto...

Que consigamos docemente viver... sentir, amar...

sábado, 15 de maio de 2010

Perdoar sempre!


Se alguém lhe atirasse uma pedra, o que você faria com ela?
Você a juntaria e guardaria para atirar no seu agressor em momento oportuno ou a jogaria fora?Trataria dos ferimentos e esqueceria a pedra no lugar em que ela caiu?
Se você respondeu que a guardaria para devolver em momento oportuno, então pense em como essa pedra irá atrapalhá-lo durante a caminhada.
Vamos supor que você a guarde no bolso da camisa, onde fique bem fácil pegá-la quando for preciso.
Agora imagine como essa pedra lhe causará bastante desconforto.
- Primeiro porque será um peso morto a lhe dificultar a caminhada lhe exigindo maior esforço para mantê-la no lugar.
- Segundo porque cada vez que você for abraçar alguém, ambos sentirão aquele objeto estranho a machucar o peito.
- Terceiro porque se você ganhar uma flor, por exemplo, não poderá colocá-la no bolso já que ele estará ocupado com aquele peso inútil.
- Em quarto lugar, o seu agressor poderá desaparecer da sua vida e você nunca mais voltar a encontrá-lo e, nesse caso, terá carregado a pedra inutilmente.
Fazendo agora uma comparação com uma ofensa qualquer que você venha a receber, podemos seguir o mesmo raciocínio.
Se você guardar a ofensa para revidar em momento oportuno, pense em como será um peso inútil a sobrecarregar você.
Pense em quanto tempo perderá mentalizando o seu agressor e imaginando planos para vingar-se.
Pondere quantas vezes você deixará de sorrir para alguém pensando em como devolverá a ofensa.
E se você insistir em alimentar a idéia de revide, com o passar do tempo se tornará uma pessoa amarga e infeliz, pois esse ácido guardado em sua intimidade apagará o seu brilho e a sua vitalidade.
Mas se você pensa diferente e quando recebe uma pedrada, trata dos ferimentos e joga a pedra fora, perceberá que essa é uma decisão inteligente, pois agirá da mesma forma quando receber outra ofensa qualquer.
Quem desculpa seu agressor é verdadeiramente uma pessoa livre, pois perdoar é libertar-se.
Ademais, quem procura a vingança se iguala ao seu agressor e perde toda razão mesmo que esteja certo.
Somente pode considerar-se diferente quem age de forma diferente e não aquele que deseja fazer justiça com as próprias mãos.
Em casos de agressões que mereçam providências, devemos buscar o apoio da justiça e deixar a cargo desta os devidos recursos.
Todavia, vale ressaltar que perdoar não é apenas esquecer temporariamente as ofensas, é limpar o coração de qualquer sentimento de vingança ou de mágoa.
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Pense nisso!
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A pedra bruta perdoa as mãos que a ferem, transformando-se em estátua valiosa.
O grão de trigo perdoa o agricultor que o atira ao solo, multiplicando-se em muitos grãos que, esmagados, enriquecem a mesa.
O ferro deixa-se dobrar sob altas temperaturas e perdoa os que o modelam, construindo segurança e conforto.
Perdoar, portanto, é impositivo para toda hora e todo instante, pois o perdão verdadeiro é como uma luz arremessada na direção da vida e que voltará sempre à fonte de onde saiu.
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Autor desconhecido

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O Segredo do Casco de Tartaruga


Logo que aprendeu a ler o menino começou a fazer descobertas.
Um dia estava folhando um livro e deparou com a palavra “réptil”.
Procurou no dicionário e surpreendeu-se com o significado: “animal que se arrasta”.
Pensava, até então, que réptil tinha a ver com rapidez e era justamente o contrário.
Seu pai riu do seu espanto e disse que as tartarugas também eram répteis.
Falou, ainda, com ares de mistério, que havia uma lenda chinesa narrando que Deus havia escrito o segredo da vida no casco de uma tartaruga.
De olhos arregalados o menino imaginava como poderia ter Deus usado o casco da tartaruga como se fosse uma folha de papel.
O pai, encantado com o interesse do filho, salientou que aprender a ler nos livros era apenas o começo da longa jornada do conhecimento.
Disse que, com o passar do tempo, o filho conseguiria ler no rosto de uma pessoa a história de sua vida.
Que bastaria observar os olhos de um amigo para ver se neles brilhava, ou não, felicidade.
Que, um dia, ao tocar nas mãos de um homem do campo, seria capaz de conhecer seus sofrimentos.O menino não se ateve às novas argumentações do pai.
Ele era curioso.
Queria mesmo era saber qual seria o segredo da vida.
Por isso, começou a interessar-se pela vida das tartarugas.
Pesquisou, leu e aprendeu muito.
Passou a reconhecer as espécies e suas principais características.
Sabia onde era possível encontrá-las e que ameaças a maior parte delas sofria.
Quanto mais estudava, mais o menino se convencia de que realmente poderia descobrir a escrita de Deus naquelas criaturas.
Elas tinham carapaças misteriosas, com desenhos estranhíssimos, círculos coloridos, arestas longitudinais. Algumas até pareciam mais uma pintura.
O menino foi crescendo e tornou-se um especialista em tartarugas.
Sabia distinguir uma adolescente de uma adulta e conhecia muito a respeito da desova das espécies marinhas no litoral.
Com o passar do tempo, porém, ele descobriu uma coisa muito importante.
Deu-se conta de que, assim como ele procurava o segredo da vida no casco das tartarugas, havia outras pessoas que buscavam a mesma coisa em lugares diferentes.
No pulsar das estrelas.
No canto dos pássaros.
No silêncio dos olhares.
No cheiro dos ventos.
Tudo que o cercava, afinal, podia ser lido.
Lembrou-se das palavras de seu pai.
Somente agora as compreendia.
Somente o tempo, como um professor que conduz o aluno pela mão, foi capaz de fazê-lo entender essa lição.
Longos anos separavam o ensinamento da compreensão.
Como todas as pessoas, em geral, ele fazia suas descobertas de forma lenta.
Muito lentamente, como as tartarugas.
Talvez estivesse aí o segredo.
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Pense nisso!
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Se você busca o segredo da vida, não se iluda com receitas e roteiros milagrosos.
Compreender a divindade e seus atributos, por vezes, parece estar além da capacidade humana.
Porém, não esqueça que Deus está em toda a parte, animando toda a sua maravilhosa obra.
Está, inclusive, em sua intimidade.

com base no conto de autoria de João A. Carrascoza, intitulado “O segredo do casco da tartaruga”.

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